domingo, 17 de março de 2013

O rufar dos tambores

Ouvi o rufar dos tambores lá mata na Guiné
era congo saravando, era congo Pai Thomé.
Saravá linha de congo, sarava Pai Thomé,
Saravá linha africana, rainha de nossa fé!

Na ancestralidade africana a comunicação era irradiada pelos Tambores. Até nossos dias eles movimentam o ouvir, o sentir, o ver,  através das energias que emanam num universo simbólico que envolve cultura, religiosidade, musicalidade,...  Os tamboreiros transformam esta energia, através do respeito, em alegria e emoção.


A saudação através do som do tambor afina nossa emoção na homenagem ao guia, caboclo, orixá, despertando uma energia individual, que envolvendo-se coletivamente, transforma-se em curador interno.

O tambor transformou-se, através da história, num patrimônio cultural brasileiro. No ecoar do seu ritmo sentimos força, encontramos a essência da espiritualidade que ele movimenta.

“Ressoou da natureza... primitiva comunicação! 
                Da África... dos nossos ancestrais 
                Dos deuses... nos toques rituais 
                Nas civilizações... cultura 
                Arte, mito, crença e cura...
Tem batuque... tem magia... tem axé! 
 O poder que contagia... quem tem fé!”      Salgueiro/2009

A preocupação com a continuidade desta forma de relação com a espiritualidade tem oportunizado cursos preparatórios para esta prática musical, para além da vivência ritual religiosa, iniciando a capacitação para o toque, no ritmo e timbres dos tambores,  para a execução em conjunto, para a criação e manutenção do instrumento. Exemplo aqui do Curso de Tamboreiros de Umbanda da FAUERS.
A melodia e a harmonia desta forma primitiva de comunicação está vinculada a postura respeitosa com o qual o tamboreiro deve associar o canto, o toque e a manifestação.
O Curso da FAUERS  prepara os alunos aliando conhecimento, habilidade e atitude, partindo da história do instrumento e da Umbanda, do uso simbólico e ritualístico do tambor, preparando para a retirada dos sons através de exercícios com os toques e pontos cantados, passando por debates sobre o valor e o comportamento do tamboreiro junto ao dirigente espiritual e a afinação e o cuidado com seu tambor.
A cada edição a forma como é conduzido o aprendizado se aperfeiçoa, a partir da participação e avaliação dos envolvidos. A metodologia varia conforme a necessidade (auditiva, visual e/ou cinestésica): se dá com a demostração do professor - Baba e Ogã Jorge Grinã, através da interação direta com cada aluno; ex-alunos e os mais experientes auxiliam os demais, aprende-se observando, contando, experimentando, pela imitação... Com o meu  acompanhamento e orientação pedagógica, no final do curso o grupo realiza uma avaliação para a certificação.

O toque e a magia do tambor, socializado pela comunidade religiosa, irradia a fé e a alegria da religião, espalhando muito axé.




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